Matilde, anos ou dias
dormidos, febris,
aqui ou ali,
cravando,
rompendo a espinha dorsal,
sangrando sangue verdadeiro,
despertando talvez
o perdido, dormido:
camas clínicas, janelas estrangeiras,
vestidos brancos das sigilosas,
o torpor nos pés,
Depois estas viagens
e o meu mar de novo:
tua cabeça na cabeceira,
na luz
tuas mãos voadoras,
na minha luz,
sobre minha terra.
Foi tão belo viver
quando vivias!
O mundo é mais azul
e mais terrestre de noite,
quando durmo,
enorme, dentro de tuas breves mãos.
XVIII in Ainda
Postado por Mariana Clark às 19:47
Os dias não se descartam nem se somam, são abelhas
que arderam de doçura ou enfureceram
o aguilhão: o certame continua,
vão e vêm as viagens do mel à dor.
Não, não se desfia a rede dos anos: não há rede.
Não caem gota a gota de um rio: não há rio.
O sonho não divide a vida em duas metades,
nem a ação, nem o silêncio, nem a virtude:
a vida foi como uma pedra, um só movimento,
uma única fogueira que reverberou na folhagem,
uma flecha, uma só, lenta ou ativa, um metal
que subiu e desceu queimando-se em teus ossos.
que arderam de doçura ou enfureceram
o aguilhão: o certame continua,
vão e vêm as viagens do mel à dor.
Não, não se desfia a rede dos anos: não há rede.
Não caem gota a gota de um rio: não há rio.
O sonho não divide a vida em duas metades,
nem a ação, nem o silêncio, nem a virtude:
a vida foi como uma pedra, um só movimento,
uma única fogueira que reverberou na folhagem,
uma flecha, uma só, lenta ou ativa, um metal
que subiu e desceu queimando-se em teus ossos.
Farewell 5 in Crepusculário
Postado por Mariana Clark às 01:14
Já não se encantarão meus olhos nos teus olhos,
já não se adoçará junto a ti minha dor.
Mas até onde for levarei o teu olhar
e até onde tu fores levarás minha dor.
Fui teu e foste minha. Mais? Juntos fizemos
um desvio no caminho onde o amor passou.
Fui teu e foste minha. Serás do que te ame,
do que colha no teu horto o que eu plantei.
Eu me vou, estou triste: mas sempre estou triste.
Venho dos teus braços. Não sei aonde vou.
...Deste teu coração diz adeus um menino.
E eu lhe digo adeus.
já não se adoçará junto a ti minha dor.
Mas até onde for levarei o teu olhar
e até onde tu fores levarás minha dor.
Fui teu e foste minha. Mais? Juntos fizemos
um desvio no caminho onde o amor passou.
Fui teu e foste minha. Serás do que te ame,
do que colha no teu horto o que eu plantei.
Eu me vou, estou triste: mas sempre estou triste.
Venho dos teus braços. Não sei aonde vou.
...Deste teu coração diz adeus um menino.
E eu lhe digo adeus.
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